Consumo em e-commerce cresce mais de 40% desde o início da quarentena

Pesquisas realizadas nos últimos meses apontam que o consumo em e-commerce cresceu mais de 40% desde o início da quarentena no Brasil.

Por conta do isolamento forçado, até mesmo os compradores de perfil mais tradicional, ainda que com alguma desconfiança inicial, aprenderam a comprar nos sites e aplicativos de e-commerce.

Além disso, os principais portais de notícias, como a Folha de S. Paulo e o Universa Online (UOL) mostraram que ao longo desse período, o número de acesso aos seus conteúdos tem batido recordes de audiência, confirmando a migração dos hábitos dos consumidores para o ambiente digital.

Ou seja, se por um lado a chegada da COVID-19 provocou grave crise no comércio local, por outro tem criado novas oportunidades no ambiente digital.

De olho nisso, fabricantes e varejistas passaram a ter uma olhar mais atento aos negócios na internet, buscando alternativas para recuperar partes dos negócios perdidos e, porque não, ampliar as suas vendas.

Os primeiros investimentos foram, naturalmente, na melhoria da usabilidade de dos sites de e-commerce.

Para atrair novos consumidores ainda com pouca experiência no consumo digital e para fidelizar os clientes mais frequentes, as empresas preocuparam-se em melhorar a experiência de navegação, em ampliar as formas de pagamento e as ofertas de produtos, e a agilizar a logística de entrega.

Mas, não basta somente ter um site, ele precisa ser visto.

Houve, portanto, um aumento importante no investimento em mídia, especialmente digital como por exemplo buscadores e displays, para gerar tráfego e convencer os consumidores a experimentarem essas plataformas.

Empresas que historicamente haviam investido na construção de um diálogo com seus consumidores tiveram a vantagem que poder se comunicar com uma base qualificada de CRM para ativar e reter os seu clientes mais valiosos.

Isso é grande diferencial porque essas pessoas que já gostam e compram com frequência podem ser grandes apoiadores, recomendando os produtos e serviços para novos consumidores.

Mais o papel da internet não tem sido somente substituir as lojas físicas como principal canal de venda de produtos e serviços.

Grandes corporações também estão utilizando o ambiente digital para fortalecer o propósito da marca e demonstrar responsabilidade social, estreitando os laços e conquistando o consumidor.

Marcas que tiveram um papel ativo para atenuar os efeitos da crise, apoiando causas, comunidades ou minorias, deixando de lado a visão unilateral do lucro, sairão dela fortalecidas e certamente com maior share-of-mind.

Muitas empresas também apostaram na produção de conteúdo digital, levando informação positiva e relevante, ajudando a população a se adaptar com a nova rotina de confinamento, como por exemplo as operadoras de TV a cabo que têm disponibilizado filmes e conteúdos gratuitos.

No universo da produção de conteúdo, os criadores e influenciadores digitais têm disponibilizado materiais bastante relevantes, entretenimento com temas além da pandemia, com o objetivo de distrair o público e levar notícias mais “leves” e divertidas.

A pandemia tem exigido uma dose extra de criatividade dos empresários, que estão sendo obrigados a buscar soluções inovadoras para garantir a existência de seus negócios.

O calendário promocional do varejo – dias das mães, dias das crianças, dias dos namorads etc. – foi substituído por campanhas digitais, convidando o consumidor a substituir a experiência de presentear fisicamente por alternativas digitais.

Negócios que foram totalmente paralisados, como bares, salões de belezas e restaurantes, ofereceram opções de compras antecipadas, concedendo vantagens como desconto e serviços adicionais ou mesmo doação de parte do pagamento para apoiar a comunidade local.

Finalmente, a crise também acelerou o processo de social commerce.

Plataformas que, até então, eram utilizadas por uma grande parte da população apenas para se comunicar com amigos e familiares, hoje também são espaço para negócios.

O WhatsApp, por exemplo, tem sido amplamente utilizado para o atendimento, resolução de problemas e como canal de venda, em substituição de outros meios tradicionais.

Em resumo, a crise gerada pela COVID-19, no Brasil e no mundo, fez com que a economia digital ganhasse ainda mais força e criou novas experiências de compra para os consumidores tradicionais, que aos poucos têm migrado para o universo online.

Por isso, agora mais do que nunca, é preciso investir em estratégias de marketing digital, com foco em ampliar a atuação no ambiente virtual e acelerar a retomada da economia, que já é digital.

Por Marcelo Sousa é presidente da ABRADi, Associação Brasileira dos Agentes Digitais e Diretor Executivo da Marketdata, empresa de Data-driven Marketing do Grupo WPP.

Crescimento do e-commerce em 2019 e as projeções para este ano

Seguindo a trajetória de alta nos últimos anos, o e-commerce brasileiro registrou crescimento de 16% em 2019, em relação a 2018, e segue avançando no primeiro trimestre de 2020. Com o total de R$61,9 bilhões em vendas, segundo os dados da Ebit|Nielsen, o faturamento foi aproximadamente 4 vezes maior do que o registrado em 2010. Diversos fatores têm influenciado esses números positivos: preços atraentes, facilidade/comodidade e até mesmo a necessidade. A previsão é que esses números continuem positivos mesmo em momentos de instabilidade econômica.

e-commerce

O crescimento do faturamento diz respeito principalmente ao aumento de pedidos e de novos consumidores. Em 2019, tivemos 10,7 milhões de novos consumidores online, o que representa 17% dos consumidores do ano. Enquanto isso, o ticket médio sofreu queda, tanto pela redução dos gastos de consumidores recorrentes quanto da entrada de novos consumidores, que chegam ao canal com ticket médio 7% abaixo do que os consumidores mais experientes.

A partir de novembro de 2019, o e-commerce brasileiro viveu um momento histórico, quando as vendas por dispositivos móveis ultrapassaram as vendas desktop. Aliado a isso, comprovou-se que os sites de busca e as redes sociais são os principais caminhos para as lojas, com variações de acordo com cada segmento. No setor de “bebidas” e “roupas e calçados”, por exemplo, as redes sociais atraíram mais consumidores do que os próprios buscadores.

Também em 2019, a Black Friday disparou frente ao Natal, se consolidando como a data mais importante do e-commerce: 2,85 milhões de consumidores compraram no E-Commerce na Black Friday 2019. Desses, 418 mil foram novos consumidores. (E-bit | Nielsen, 2020)

E-commerce em 2020: impactos do covid-19

No primeiro semestre de 2020, o mercado eletrônico brasileiro teve que enfrentar um desafio desconhecido: a proliferação do coronavírus. As primeiras semanas de isolamento social tiveram um efeito considerável sobre o e-commerce, que apresentou queda no período. No entanto, a curva descendente não durou muito tempo. Com a readaptação dos mercados, o e-commerce voltou a se aquecer e apresentou crescimento em relação ao ano anterior.

O gráfico abaixo, divulgado pela Konduto, em parceria com a E-commerce Brasil, mostra o resultado do estudo que analisou mais de 20 milhões de pedidos entre os dias 1 de março a 8 de abril.

Visão Geral | Número de pedidos (Konduta, 2020)

Dentre as categorias que “fugiram da curva”, estão a de produtos de farmácia e os supermercados que seguiram crescendo mesmo durante as primeiras semanas, uma vez que os consumidores deram preferência a itens necessidade básica, de saúde e higiene pessoal. Veja os gráficos a seguir.

produtos de farmácia
produtos de supermercados

Farmácia e Supermercados | Número de pedidos (Konduta, 2020)

Os dados demonstram o caminho rumo ao amadurecimento do e-commerce de supermercados, com a comercialização de produtos perecíveis. Os varejistas que já vendiam seus produtos pela internet saíram na frente da concorrência e puderam conquistar uma clientela que poderá fazer das compras de mercado online um novo hábito.

Apesar do “susto inicial”, a tendência observada em 2019: maior número de pedidos (32,6%), maior faturamento (26,7%) e menor ticket médio (-4,5%) se repetiu no primeiro trimestre de 2020, em comparação ao mesmo período do ano passado. Os dados são do relatório  Neotrust, realizado pela Compre & Confie em parceria com a E-commerce Brasil.

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As TOP 4 categorias que impulsionaram o faturamento, se comparado com 2019, foram Eletrônicos, Casa&Decoração, Informática e FMCG (produtos de giro rápido). Destaque para categorias de Páscoa, com crescimento de +1.090% em faturamento em função do aumento de quantidade de pedidos.

O que vem daqui para frente?

Os resultados de 2019 e do início de 2020 comprovam que o e-commerce segue trilhando um futuro de crescimento. A crise evidenciou a necessidade da aproximação digital e mostrou à lojistas a importância de diversificar os canais, transformando lojas físicas em lojas virtuais, unindo-se aos aplicativos e investindo em plataformas de e-commerce para gerar uma melhor experiência de compra online.

A operação omnichannel ganha ainda mais força com a necessidade de unir canais diversos: site, redes sociais, drive through, delivery, take-away, pick-up e alternativas antes nem imaginadas. Uma coisa é certa: o Brasil sairá da quarentena com consumidores e lojistas ainda mais experientes, o que tornará o novo cenário de comércio eletrônico ainda mais competitivo.

Por Cristiano Chaussard, diretor da Flexy – Plataforma de E-commerce