Juros médios cobrados pelos bancos chegam a 43,7% ao ano em fevereiro

A taxa média de juros para as famílias e as empresas chegou, em fevereiro, a 43,7% ao ano nas concessões de empréstimos no crédito livre.

A taxa média de juros para as famílias e as empresas chegou, em fevereiro, a 43,7% ao ano nas concessões de empréstimos no crédito livre. O resultado representa um aumento de 1,5 ponto percentual (pp) em um mês e de de 3,4 pp em 12 meses, segundo as Estatísticas Monetárias e de Crédito, divulgadas nesta quarta-feira (9) pelo Banco Central (BC).

Juros médios cobrados pelos bancos chegam a 43,7% ao ano em fevereiroA elevação dos juros bancários acompanha um momento de alta da taxa básica de juros da economia, a Selic, definida em 14,25% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do BC. A Selic é o principal instrumento usado pelo BC para controlar a inflação. O Banco Central justifica o aumento da taxa com a necessidade de esfriar a demanda e conter a inflação, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança, fazendo com que as pessoas consumam menos e os preços caíam.

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As estatísicas mostram que a taxa de captação de recursos livres dos bancos (o quanto é pago pelo crédito) subiu 0,6 pp no mês e 0,7 pp em 12 meses, chegando a 32,3% em fevereiro. Até o fim do ano, a previsão dos analistas é que a Selic suba para 15%.

Contratações de crédito taxa média de juros variação fev/jan variação fev25/fev24
para famílias 56,3% ↑ 2,4 pp ↑ 3,6 pp
para empresas 23,9% ↓ 0,2 pp ↑ 2,3 pp

Nas novas contratações de crédito para as famílias, a taxa média de juros livres atingiu 56,3% ao ano, com altas de 2,4 pp no mês e de 3,6 pp em 12 meses. De acordo com o BC, o aumento no mês é resultado, basicamente, da elevação das taxas de juros das operações de cartão de crédito rotativo, em 9,6 pp, para 450,6% ao ano, e de crédito pessoal não consignado, em 6,1 pp, para 105,9% ao ano.

O crédito rotativo dura 30 dias e é tomado pelo consumidor quando se paga menos que o valor integral da fatura do cartão de crédito ─ utilizando a parcela mínima, por exemplo. Ou seja, nesse momento, o cliente contrai um empréstimo e começa a pagar juros sobre o valor que não conseguiu quitar. A modalidade é uma das mais altas do mercado.

Após os 30 dias, as instituições financeiras parcelam a dívida do cartão de crédito. Nesse caso do cartão parcelado, os juros subiram 7,2 pp no mês e caíram 7,1 pp em 12 meses, indo para 181,8% ao ano.

Nas contratações para as empresas, a taxa média do crédito livre ficou em 23,9% ao ano, com redução de 0,2 pp no mês. Foram determinantes para isso os recuos nas taxas médias de cartão de crédito rotativo, de 39,2 pp, e de capital de giro com prazo até 365 dias, 5,4 pp. Em 12 meses, entretanto, o aumento é de 2,3 pp.

Segundo o BC, em fevereiro, tanto o efeito da variação das taxas de juros (efeito taxa) quanto o efeito da alteração na composição dos saldos (efeito saldo) foram determinantes para a elevação das taxas médias de juros do crédito livre.

Crédito direcionado

No crédito livre, os bancos têm autonomia para emprestar o dinheiro captado no mercado e definir as taxas de juros cobradas dos clientes. Já o crédito direcionado ─ com regras definidas pelo governo ─ é destinado basicamente aos setores habitacional, rural, de infraestrutura e ao microcrédito.

No caso do crédito direcionado, a taxa para pessoas físicas ficou em 10,5% ao ano em fevereiro, com redução de 0,8 pp em relação ao mês anterior e alta de 1,1 pp em 12 meses. Para empresas, a taxa caiu 1 pp no mês e aumentou 1,4 pp em 12 meses, indo para 13,5% ao ano.

Assim, a taxa média no crédito direcionado ficou em 11,2% ao ano, redução de 0,8 pp no mês e alta de 1,1 pp em 12 meses.

Saldos das operações

Em fevereiro, as concessões de crédito tiveram queda de 1,2%, chegando a R$ 575,5 bilhões, resultado da redução de 4,2% para as pessoas físicas e aumento de 2,7% para empresas.

As concessões de crédito direcionado subiram 19,1% no mês, enquanto no crédito livre houve redução de 3%.

Com isso, o estoque de todos os empréstimos concedidos pelos bancos do Sistema Financeiro Nacional (SFN) ficou em R$ 6,486 trilhões, um crescimento de 0,4% em relação a janeiro. Na comparação interanual, com fevereiro do ano passado, o crédito total cresceu 11,8%.

O resultado refletiu aumento de 0,5% no saldo das operações de crédito pactuadas com pessoas jurídicas (R$ 2,459 trilhões) e o incremento de 0,4% no de pessoas físicas (R$ 4,027 trilhões).

Já o crédito ampliado ao setor não financeiro ─ que é o crédito disponível para empresas, famílias e governos, independentemente da fonte (bancário, mercado de título ou dívida externa) ─ alcançou R$ 18,789 trilhões, com aumento de 1,7% no mês, refletindo, principalmente, o acréscimo de 3,6% nos títulos públicos de dívida. Em 12 meses, o crédito ampliado cresceu 14,9%, com avanços de 16,9% nos títulos de dívida e de 11,4% nos empréstimos.

Endividamento das famílias

Segundo o Banco Central, a inadimplência ─ atrasos acima de 90 dias ─ se mantém estável há bastante tempo, com pequenas oscilações. Ela registrou 3,3% em fevereiro. Nas operações para pessoas físicas, situa-se em 3,8%, e para pessoas jurídicas em 2,3%.

O endividamento das famílias ─ relação entre o saldo das dívidas e a renda acumulada em 12 meses ─ ficou em 48,7% em janeiro, aumento de 0,3 pp no mês e de 0,9 pp em 12 meses. Com a exclusão do financiamento imobiliário, que pega um montante considerável da renda, o endividamento ficou em 30,6% no primeiro mês do ano.

Já o comprometimento da renda ─ relação entre o valor médio para pagamento das dívidas e a renda média apurada no período ─ ficou em 27,3% em janeiro, aumento de 0,3 pp na passagem do mês e de 1,5% em 12 meses.

Esses dois últimos indicadores são apresentados com uma defasagem maior do mês de divulgação, pois o Banco Central usa dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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Endividamento: Planeje Antes de Assumir!

Tudo demanda capital, recurso escasso, especialmente na atual crise.

As vendas caem, a evolução dos equipamentos exige substituição, a redução da mão de obra é cara, é preciso investir em marketing… tudo demanda capital, recurso escasso, especialmente na atual crise. É hora de pensar no endividamento.

A última crise financeira e econômica que teve início nos Estados Unidos – tudo começou com as quebradeiras das instituições financeiras devido ao crédito fácil disponibilizado aos clientes – que foi tratada como uma “marolinha”, infelizmente trouxe muitos estragos.

Incontáveis empresas fecharam as portas e número maior ainda reduziu significativamente a produção dada a falta de vendas, fazendo com que milhares de brasileiros perdessem seus empregos e, pior ainda, não conseguissem novas colocações, piorando e aumentando a crise. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no primeiro trimestre deste ano o número de desempregados no Brasil soma 13,7 milhões de pessoas.

O endividamento, ou seja, a busca de empréstimos para capital de giro ou financiamento de máquinas, equipamentos para diversas atividades, prática usual e relativamente fácil até algum tempo atrás, tornou-se tarefa difícil, pois o dinheiro sumiu e o temor por parte das instituições financeiras de perder aumentou, pois bancos considerados gigantes e inquebráveis sucumbiram. O principal e primeiro foi o Lehman Brothers, que deu início à maior crise economia mundial depois de 1929, segundo os economistas.

Agora, mais do que nunca, é imprescindível muita habilidade para planejar o endividamento por dois principais motivos: primeiro porque são necessários boa razão e planejamento para convencer os bancos a emprestar; e, segundo, para impedir a protelação e aumento daquilo que, talvez, já não tem mais jeito. Na análise do projeto de investimento é preciso ter a certeza de que tais recursos não irão piorar o que já está ruim.

Das instituições financeiras passíveis de empréstimo de recursos, aquelas controladas pelos governos federal e estadual geralmente possuem taxas melhores e prazo dilatado para projetos de médio ou longo prazo. Quem pensa em se endividar não deve, desesperadamente, buscar o primeiro dinheiro que surge. Endividamentos no cartão de crédito e cheque especial são remédios vencidos que matam mais rapidamente.

O projeto não deve ser feito apenas para convencer o banco a emprestar o dinheiro, mas para convencer o empresário de que a contratação dos recursos é viável, trará aumento de vendas e produção com lucratividade. Se for para arcar compromissos já assumidos, deve-se analisar de onde sairá a verba para assumir as parcelas. Portanto, a contratação de um profissional qualificado é como o médico no qual se confia para fazer uma cirurgia de risco: precisa ser bom.

Nem sempre a melhor solução é o endividamento. Assim como você eu também conheço empresários ricos com empresas pobres porque descapitalizaram a empresa para formar patrimônio pessoal (caros, casas, sítios, fazendas etc.) e no momento de dificuldades não admitiram dispor de parte do capital acumulado para permitir à empresa perpetuar-se. Preferem assumir altos custos com empréstimos e correr o risco de perder, no futuro, todo o patrimônio.

A captação dos recursos de terceiros está longe de ser ruim ou indesejada, mas é fundamental ser equilibrada. Analise com profundidade cada novo pedido de recurso. Chamo a atenção para alguns aspectos imprescindíveis antes de decidir pela captação de empréstimos e/ou financiamentos:

  • O lucro a ser gerado é maior do que os juros contratados?
  • A carência de pagamento é suficiente?
  • O lucro e o caixa gerados por esse novo investimento serão suficientes para pagar as parcelas? (se insuficiente, o que é mais comum no início, deve-se antecipadamente estudar de onde virá a complementação);
  • Há mercado consumidor para a alta produção a ser gerada pelo investimento? A empresa conseguirá vender?

A recuperação judicial (antiga concordata) ou a falência são ferramentas às quais nenhum empresário deseja recorrer quando está iniciando o empreendimento e mesmo aqueles que as utilizam como estratégia para enriquecer envergonham-se quando precisam encarar os amigos. A melhor atitude é a boa administração, o que se consegue com a assessoria de profissionais capacitados.

O contador geralmente é o profissional mais qualificado e com custo/benefício bastante interessante, embora alguns empresários prefiram explorá-lo mais e mais, de forma a não tê-lo por perto para obter sua expertise. Consulte o seu contador e planeje os seus negócios, inclusive o endividamento, se necessário.

 

Fonte: Destaques Empresariais

Link: https://destaques-empresariais.com/2018/06/18/endividamento-planeje-antes-de-assumir/