Entre as medidas previstas está a oferta de alternativas mais baratas para que clientes liquidem dívida do cheque especial, que em fevereiro tinha juro médio de 324% ao ano
As novas regras para o funcionamento do cheque especial deverão acelerar a tendência de queda do juro ao consumidor. A avaliação é do presidente da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), Murilo Portugal.
Em entrevista para divulgar as novas regras, o executivo reconheceu que o juro cobrado atualmente de quem usa o limite da conta é elevado e culpou a inadimplência por esse fenômeno.
Ao anunciar a nova regra que prevê oferta de crédito mais barato ao cliente que usar 15% do limite do cheque especial por 30 dias, o presidente da Febraban disse esperar que as medidas ajudarão a “reforçar a tendência de queda dos spreads bancários”.
Spread é a margem cobrada pelo banco do cliente para pagar custos e perdas da operação, impostos e o lucro da própria instituição.
“Os juros serão mais baixos, mas não sei quanto vai cair porque essa é uma decisão de cada instituição”, diz ao citar que o impacto poderá ser visto até no curto prazo.
Portugal citou que os juros ao consumidor têm acompanhado a redução da taxa Selic e caíram nos últimos meses.
“Apesar dessas quedas, as taxas do cheque especial ainda são muito elevadas”.
De acordo com o Banco Central, o juro médio praticado em fevereiro nessa linha de crédito foi de 324,1% ao ano. Uma das razões é a inadimplência, explicou Portugal.
“São as mesmas razões do spread. Os custos elevados de intermediação financeira no Brasil e a inadimplência no cheque especial é muito mais elevada que nos demais produtos”, diz.
Dados do BC indicam que 13,6% dos clientes do cheque estavam inadimplentes em fevereiro. Em dezembro, o porcentual era de 16,2%.
“Quando se compara à totalidade do crédito pessoa física, que tem inadimplência de 3,5%, temos uma taxa quatro vezes maior”, diz.
Ele também destaca que o calote no crédito consignado é ainda menor: por volta de 2%.
Questionado sobre o aumento do juro do cheque especial ao longo dos últimos anos, Portugal explicou que houve elevação da incidência de calote na operação.
“A inadimplência era de 7% nos cinco maiores bancos e, se você olhar o juro em 2014, era de 150%. Houve aumento da inadimplência e esse é o principal responsável”, afirma.
Dados do BC mostram apenas a taxa de inadimplência agregada do setor financeiro – e não mostram o indicador por instituição financeira e linha específica. Pela métrica do BC, o calote no cheque especial oscilou de 11,7% em março daquele ano a até 14% em setembro de 2014.
A nova mecânica do cheque prevê que bancos oferecerão opção de crédito mais vantajosa “pro-ativamente e de maneira individualizada” ao cliente. A comunicação será feita sempre cinco dias úteis após o cliente passar a usar esse porcentual do limite – com piso em R$ 200.
Se o cliente persistir no uso do limite do cheque especial, será comunicado a cada 30 dias. Portugal citou estatísticas que mostram que, na média, clientes que usam o limite do cheque especial normalmente tomam R$ 900 por período de 16 dias a cada mês.
Fonte: Diário do Comércio
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