Como Elaborar a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) Orçada

A elaboração de um orçamento empresarial é composta por diversas etapas, a quais podem variar de acordo com as características do negócio e do modelo de gestão da empresa

A elaboração de um orçamento empresarial é composta por diversas etapas, a quais podem variar de acordo com as características do negócio e do modelo de gestão da empresa. No entanto, independentemente das suas fases, sua conclusão ocorre com a projeção dos relatórios financeiros, sendo a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) uma dos mais importantes.

Apesar de existirem particularidades no processo de cada empresa, as etapas básicas para a projeção da Demonstração do Resultado do Exercício são:

  • Orçamento de Receita: nesta etapa estão consideradas, além das projeções de receita, também os seus tributos derivados, tais como, ISS, ICMS, PIS, COFINS, entre outros. Também é importante não confundir o conceito de receita com venda ou recebimento, pois podem ser distintos os seus instantes de ocorrência. Nos casos em que a receita é reconhecida em momento distinto da venda, deve-se compreender a metodologia de apropriação para desenvolver regras de projeção adequadas;
  • Orçamento de Custos: deve-se observar que a projeção de custos é composta por diversas etapas que necessitam ser orçadas, as quais podem variar dependendo do segmento de atuação da empresa (industrial, serviços ou varejo);
  • Orçamento de Despesas: nesta etapa são orçadas as despesas administrativas, comerciais e gerais, sendo importante a possibilidade de identificação como fixas e variáveis;
  • Orçamento de Capex: uma das saídas desta projeção é a depreciação, a qual deve ser considerada na DRE Orçada como despesa ou custo. Este último, no caso de empresas industriais, irá compor o valor orçado de produção e somente será levado a resultado mediante a baixa do estoque de produtos acabados em consequência da projeção de venda.

Além das etapas anteriores, para a adequada projeção do resultado da empresa, podem ser necessárias algumas estimativas adicionais, sendo elas:

  • Previsão de equivalências patrimonial: quando a projeção orçamentária se refere a uma companhia que possui participação em outra empresa, uma parte do resultado desta última pode ser incluído em seu orçamento;
  • Previsão de resultado financeiro: o resultado financeiro orçado da empresa é dependente tanto do saldo de caixa quanto dos contratos financeiros existentes, além de possíveis variações cambiais. Neste caso, estes resultados devem ser apurados e inseridos na Demonstração de Resultado do Exercício Orçado.
  • Previsão de tributos sobre o lucro: um último ponto a ser considerado na elaboração da Demonstração do Resultado do Exercício Orçada é o regime tributário adotado pela empresa, tal como o lucro real, presumido ou mesmo o enquadramento como Simples Nacional. Este é um ponto de projeção muito importante no Brasil pois as organizações podem apresentar modificações expressivas nos resultados em decorrência desta escolha.

Deve-se observar que para a elaboração da Demonstração de Resultado do Exercício Orçada deve-se utilizar o regime de competência, pois o seu objetivo é compreender a capacidade de criação de resultado em cada um dos períodos da previsão. Também é importante ressaltar a importância da correta classificação de custos ou despesas nas projeções, pois estas, além de interferirem em análises gerenciais, também geram processos de projeção distintos.

O processo de elaboração da Demonstração de Resultado do Exercício Orçada

Na elaboração da Demonstração do Resultado do Exercício Orçada, a primeira etapa é a receita orçada, a qual, normalmente, é equivalente às previsões de vendas. Deve-se observar que, em alguns mercados, o reconhecimento da receita pode acontecer em momento distinto da ocorrência da venda.

Em conjunto com a receita orçada, são estimados os tributos sobre vendas, tais como, PIS, COFINS, ICMS e IPI. Deve-se observar que esta projeção será o valor de tributos gerados e não o de pagamentos, pois podem existir créditos tributários e momentos diferentes de liquidação fazendo com que não sejam necessariamente equivalentes.

Na etapa seguinte, deve-se projetar o custo do período. Um ponto de atenção é que o valor dos custos orçados não é o de produção ou aquisição, mas o da baixa de estoques referente às vendas, no caso de empresas industriais ou comerciais, ou o custo de execução, quando se tratar de empresa prestadora de serviços. Neste último caso, há a possibilidade de utilização regras de apropriação do custo para reconhecimento do percentual de execução.

Em seguida, deve-se incorporar ao resultado as projeções do orçamento de despesas (Opex). Nesta fase, normalmente, cada unidade participante do processo orçamentário faz sua estimativa de despesas (administrativas e comerciais, por exemplo).

Outra etapa do processo orçamentário que influencia a projeção da Demonstração de Resultado Orçada é a de investimentos de capital (Capex). Nesta fase são enviadas as estimativas de depreciação, ressaltando que uma parte poderá ser considerada despesa (reconhecida diretamente no resultado orçado) e outra custo. Esta última, em empresas industriais, irá compor o estoque de produtos acabados e dependerá da baixa pela venda para ser reconhecida no resultado orçado.

Além das etapas do processo orçamentário descritas acima, algumas outras projeções devem ser consideradas, tais como, resultado financeiro, equivalência patrimonial e tributos sobre o lucro.

Com isso, o seguinte diagrama do orçamento da Demonstração de Resultado do Exercício pode ser visualizado:

Orcamento Empresarial DRE

Sobre o autor:

Louremir Reinaldo Jeronimo é Doutor em Administração de Empresas pela Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getulio Vargas – FGV EAESP. Professor convidado dos cursos de MBA do FGV Educação Executiva e FGV In Company

 

Autor(a): Louremir Reinaldo Jeronimo