Alíquota fixa do ICMS pode gerar alta no preço da gasolina

Com base no novo modelo, a Petrobras pode anunciar novos ajustes nos preços da gasolina até o fim do mês, resultando em aumentos ou quedas para o consumidor final

Após a queda do preço da gasolina, anunciada na terça-feira (16) pela Petrobras, a entrada em vigor da alíquota única e fixa do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) deverá trazer aumento. A partir de 1º de junho, a cobrança será de R$1,22 por litro em todo o território nacional. Atualmente, as alíquotas são proporcionais ao valor e são definidas por cada estado, variando geralmente entre 17% e 18%. A mudança trará impactos para o consumidor final, já que o valor do tributo é embutido no preço de revenda.

A redução do preço da gasolina, assim como do diesel e do gás de cozinha, foi anunciada no mesmo dia em que a Petrobras apresentou sua nova política de preços, colocando fim ao Preço de Paridade Internacional (PPI) que vigorava há mais de seis anos. No antigo modelo, seguiam-se as tendências do mercado internacional. Agora, são consideradas as alternativas que o consumidor possui no mercado interno e as condições obtidas pela estatal para produção, importação e exportação. Com a mudança, o novo preço da gasolina para a venda às distribuidoras foi definido. A queda foi de R$ 0,40 por litro, passando de R$ 3,18 para R$ 2,78. O corte entrou em vigor nesta quarta (17). O presidente do Sindicato de Comércio Varejista de Combustíveis e de Lubrificantes do Distrito Federal (Sindicombustíveis-DF), Paulo Tavares, estimou em entrevista à Rádio Nacional que a redução nas bombas dos postos da capital do país deve ser de R$ 0,29 centavos. Com base no novo modelo, a Petrobras pode anunciar novos ajustes nos preços da gasolina até o fim do mês, resultando em aumentos ou quedas para o consumidor final. Já o impacto do ICMS deverá gerar uma alta nas bombas. A mudança na regra tributária, que começa a valer em 1º de junho, foi instituída pela Lei Complementar 192/2022. O valor das alíquotas fixas foi definido em março deste ano pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz). No caso do diesel, a alteração já está valendo desde 1º de maio, com uma cobrança de R$ 0,94 por litro. No Rio de Janeiro, por exemplo, o preço médio de revenda da gasolina registrado no levantamento da Agência Nacional de Petróleo (ANP) da última semana foi de R$ 5,77. Considerando que 18% desse valor é referente ao ICMS, a cobrança do tributo seria de R$ 1,04. Trata-se R$ 0,18 a menos do que os R$1,22 que passarão a ser cobrados.

Arrecadação

Na avaliação do doutor em direito, advogado e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Gabriel Quintanilha, a medida terá impacto positivo para os estados, porque aumentará a arrecadação, mas, em contrapartida, vai pesar mais no bolso do consumidor. Segundo ele, no ano passado, durante a discussão da Lei Complementar 192/2022, os preços dos combustíveis estavam muito altos no Brasil e a solução encontrada era acabar com a alíquota do ICMS ad valorem, que consistia em um percentual sobre o valor do combustível, e cobrar uma alíquota fixa por litro do produto. “Isso diminuiria a oscilação de preço”, explicou à Agência Brasil. Quintanilha indicou, porém, que a discussão demorou muito a chegar a uma conclusão, porque várias ações judiciais foram propostas pelos estados e o Supremo Tribunal Federal (STF) conduziu um acordo, definindo a aplicação da alíquota fixa nesse valor. Para a gasolina, em um primeiro momento, a alíquota foi maior, atingindo R$ 1,45 por litro. Depois que os estados perceberam que o valor seria muito elevado, ela foi reduzida para R$ 1,22. O professor da FGV estimou que, provavelmente, o combustível não vai ficar mais barato. Sobre a gasolina em especial, deverá haver aumento da carga tributária porque a alíquota fixa absorve a alta do preço do petróleo, mas, em compensação, mantém a arrecadação elevada quando o preço cai. “O momento em que nós estamos hoje é exatamente esse: uma alíquota ad rem, fixa, por litro de combustível, que vai gerar mais arrecadação do que uma alíquota ad valorem, porque o mercado reagiu e o dólar está mais baixo, assim como o preço do petróleo”. No entender do especialista, essa nova alíquota fixa era boa para o consumidor naquele momento, quando foi discutida. Agora, o cenário é diferente com a acomodação do preço do dólar e, consequentemente, do preço do combustível.

Uniformização

Em nota encaminhada à TV Brasil, o Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) disse que, em razão da alíquota única, nos estados com carga tributária atual maior do que a que resultará com a aplicação da alíquota única, a tendência será de redução dos preços desse combustível. Destacou, entretanto, que “nos estados que possuem a situação inversa [carga tributária atual menor do que a com o uso da alíquota ad rem], a tendência será de elevação de preços”. O gerente Jurídico e Tributário do Instituto Brasileiro do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (IBP), que representa as distribuidoras de combustíveis, Mozart Rodrigues Filho, afirmou à Agência Brasil que a implantação de um ICMS monofásico era uma busca do setor já há algum tempo, para acabar com o mercado irregular. Como benefício da alíquota uniforme e em âmbito nacional para o ICMS dos combustíveis, que entra em vigor em junho, o especialista do IBP estimou que haverá o fim da guerra fiscal entre os estados, cujas alíquotas variavam de 22% a 34% na gasolina. Ele destacou o “ganho” com logística. “As empresas vão poder percorrer o menor caminho para entregar esse combustível para o consumidor e isso vai levar à possibilidade de redução de preço.” Mozart Rodrigues Filho explicou que a medida desvincula o tributo da commodity. “Antes, ele era vinculado ao valor do combustível. Era um percentual. Agora é uniforme”. A medida traz mais clareza e mais simplificação tanto para o consumidor final, como para as empresas e os estados. As unidades da Federação passam a ter uma previsibilidade maior de arrecadação e terão chance de recuperar as fraudes tributárias no setor de combustível que alcançam R$ 14 bilhões ao ano, de acordo com estudo da FGV publicado em 2021. O gerente do IBP analisou que o consumidor final também ganha porque pode ter redução de custos na comercialização do combustível e isso pode ser repassado posteriormente para o preço. “Existe, sim, uma possibilidade de todo mundo ganhar com a implementação desse ICMS monofásico. Ele busca um ambiente de negócios mais atrativo mais os investimentos, porque torna tudo mais simples, mais claro, mais visível para quem quiser trabalhar no setor”. Aumentando a competitividade, os benefícios serão para todo mundo, completou. Somente o etanol hidratado ficará de fora, nesse momento, da monofasia do ICMS, lembrou Rodrigues Filho.   por Agência Brasil

Novo ICMS de combustíveis aprovado vai reduzir o preço para os consumidores?

Na última quarta-feira (13), a Câmara dos Deputados aprovou uma medida que altera a forma como o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre os combustíveis é cobrado. Agora o texto segue para aprovação do Senado para que em seguida possa passar pela sanção presidencial. Contudo, será mesmo que essa mudança reduzirá o preço para o consumidor final?

Na última quarta-feira (13), a Câmara dos Deputados aprovou uma medida que altera a forma como o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre os combustíveis é cobrado. Agora o texto segue para aprovação do Senado para que em seguida possa passar pela sanção presidencial. Contudo, será mesmo que essa mudança reduzirá o preço para o consumidor final?

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

O Projeto de Lei determina duas mudanças como ponto-chave, sendo a primeira delas a alteração no preço utilizado como base de cálculo para o imposto. Já a segunda mudança determina que o valor do ICMS deve ser fixo, por litro de combustível e não mais como ocorre atualmente, através de um percentual sobre o preço.

A mudança vai chegar ao consumidor final?

Conforme declaração do relator da medida, o deputado Dr. Jaziel (PL-CE) afirma que as alterações trarão uma queda no preço dos combustíveis, ficando da seguinte forma:

  • Redução de 8% no preço da gasolina;
  • Redução de 7% no preço do etanol;
  • redução de 3,7% no preço do diesel.

Contudo, a pesquisadora do Ineep (Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, ligado à Federação Única dos Petroleiros), afirmou em declaração ao UOL que a proposta procura “socializar” o custo político do aumento dos combustíveis com os estados.

Assim, a sistemática deve ajudar a diminuir a volatilidade dos preços, mas não será possível que a redução chegue ao consumidor. Isso porque quando ocorreu a isenção de outros tributos sobre o diesel, por exemplo, a redução para o consumidor final foi insignificante, de apenas R$ 0,03.

Já a diretora-executiva do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), Valéria Lima declarou que não acredita que o culpado da alta nos preços do combustível do país seja o ICMS, mas avaliou que a proposta do governo geraria uma simplificação tributária.

“Ao ter uma alíquota ‘ad rem’ [em reais], teria um amortecedor de volatilidade, pois uma parcela dos preços não variaria. Facilitaria a fiscalização, o repasse entre os estados, e deixaria de existir um incentivo econômico à sonegação”, declarou a diretora-executiva do IBP.

Fonte: Rede Jornal Contábil .

PIS/COFINS: Alíquotas para Gás e Óleo Diesel estão zeradas

O decreto 10.638/2021 alterou o PIS/COFINS sobre a importação bem como a comercialização da gasolina, óleo diesel, gás liquefeito de petróleo e querosene de aviação.
Logo os coeficientes de redução do PIS/COFINS, ficam fixados em:
  • um inteiro para o gás liquefeito de petróleo (GLP), quando destinado ao uso doméstico e envasado em recipientes de até 13 kg;
  • um inteiro para o óleo diesel e suas correntes, até 30 de abril de 2021.

As alíquotas do PIS/COFINS, com a utilização dos coeficientes determinados, ficam reduzidas para:

  • R$ 0,00 por tonelada de GLP, quando destinado ao uso doméstico e envasado em recipientes de até 13 quilogramas;
  • R$ 0,00 por metro cúbico de óleo diesel e suas correntes (com vigência até 30 de abril de 2021).
Fonte: Rede Jornal Contábil .

Petrobras pode sobreviver com barril a US$ 15, diz Castello Branco

A Petrobras tem capacidade de atravessar a atual crise econômica mundial ainda que o preço do barril do petróleo caia a US$ 15. A afirmação é do presidente da estatal, Roberto Castello Branco, que participou de coletiva de imprensa pela internet nesta sexta-feira (15). Ele disse que, na sua visão, pelos próximos meses o cenário será de dificuldades. Na quinta-feira (14), a companhia divulgou os resultados financeiros do primeiro trimestre do ano, que apontaram para um prejuízo de R$ 48,5 bilhões.

“Nós traçamos vários cenários. O mais provável é de uma recuperação lenta, de uma recessão profunda. Têm vários fatores que contribuem para isso. O desemprego em massa, que está acontecendo no mundo, o aumento rápido da alavancagem financeira de famílias, empresas e governos. As incertezas geradas pela própria covid [novo coronavírus (covid-19)], que desaparecerão somente quando se tiver uma vacina. Existe sempre a probabilidade de haver uma segunda onda, tal como aconteceu com a gripe espanhola, e isso limita a atividade econômica”, disse Castello Branco.

Segundo ele, o período de quarentena imposto a quase todos os países do mundo vai gerar mudanças de comportamento profundas, o que acabará impactando, direta ou indiretamente, nos resultados da companhia.

“Adicionalmente, nós temos que considerar que este período de quarentena que as pessoas estão passando, em vários países do mundo, contribuirá para mudanças de hábitos. Por exemplo, a utilização mais intensiva da digitalização em detrimento da maior mobilidade. As empresas precisarão de menos viagens, de menos áreas de escritórios. E não podemos deixar de considerar a tendência anterior, que era de estímulos a inovações para a substituição de combustíveis fósseis no mundo”, disse.

Preço do petróleo

Rio de Janeiro – Sede da Petrobras (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Para o presidente da Petrobras, essas mudanças poderão levar o mercado a trabalhar com valores ainda menores do barril de petróleo, da média praticada atualmente, de US$ 32 o barril do tipo Brent.

“Se já levarmos isso em conta, então esse novo cenário nos fez rever a posição anterior e consequentemente prever preços mais baixos. A Petrobras pode sobreviver hoje com preços de petróleo tão baixos como US$ 15 [o barril]. Nós temos musculatura para fazer isso, temos caixa, temos custos baixos. Mas nós queremos gerar muito mais valor. E acreditamos que com a aceleração da execução da estratégia traçada em janeiro de 2019, com a aceleração da transformação digital, nós seremos capazes de, com a dedicação de nossos profissionais e com os nossos ativos de classe mundial, gerar muito valor no futuro.”

Castello Branco foi questionado sobre o planejamento da venda de refinarias e disse que, até o momento, não houve nenhuma desistência por parte dos potenciais compradores. “Eu vejo este projeto de forma otimista. Ele está de pé. Nenhum interessado veio a nós dizer que estava desistindo. E nós estamos confiantes que, pelo menos até o final do ano, alguns acordo de compra e venda sejam fechados, ficando a conclusão da transação para 2021. Nós continuamos trabalhando, nossa equipe de gestão de portfólio continua muito ocupada, não está de férias. Ainda este ano teremos boas notícias para dar”, adiantou.

Segundo Castello Branco, não houve qualquer mudança no plano estratégico da Petrobras. Ele fez questão de dizer que não haverá demissões em massa na companhia.

“Quero reafirmar que demissões em massa não existiram, não existem e não existirão. Não houve hibernação de campos terrestres, outra mentira que vem sendo divulgada. Continuamos a seguir a paridade de preços de importação, com respeito à precificação de combustíveis. Estamos de pé e graças ao empenho de nossas equipes estamos trabalhando ativamente para a resiliência da Petrobras e sua recuperação saudável após a essa crise”, concluiu.

Distribuição de dividendos

A diretora Financeira e de Relacionamento com Investidores, Andréa Marques de Almeida, disse que é uma possibilidade o investidor não contar com distribuição de dividendos relativos a 2020.

“Falando em dividendos, é difícil falar sobre os resultados de 2020 como um todo, dado que estamos no primeiro trimestre. Mas se o cenário continuar semelhante ao que a gente está vivendo agora, provavelmente a gente não vai ter dividendos, se tudo continuar como está atualmente. Porque de fato é difícil recuperar esse impacto que a gente teve agora, no primeiro trimestre. Se o cenário mudar, a gente vai avaliar”, disse Andrea.

O relatório completo com os resultados do primeiro trimestre de 2020 pode ser acessado na página da companhia na internet.

Fonte: Jornal Contábil .