Em tempos de pandemia, o dinheiro também entra em quarentena

Embora o dinheiro vivo ainda não tenha sido considerado um elemento de transmissão do Corona, pelo menos não de maneira oficial, o fato de que alguns vírus da mesma família, como o SARS e o MERS possam sobreviver em cristais, plásticos ou metais até nove dias, e também em papel e tela, alerta sobre a probabilidade do aumento do contágio do Corona devido a manipulação do dinheiro por muitas pessoas várias vezes durante o dia.

Com o objetivo de impedir o contágio, o COVID-19 está gerando mudanças nos hábitos das pessoas. Um deles é a constante desinfecção de objetos e outro é evitar o contato entre pessoas.

Portanto, apesar do medo à transmissão, como a pandemia só pode ser controlada na atualidade pelo isolamento social, vai reduzir indefectivelmente o uso do dinheiro vivo e gerar o novos hábitos de consumo, até nas pessoas mais enraizados no uso do “cash”.

Cenário Pré-Coronavírus

A preferência em América Latina pelo dinheiro vivo é confirmada em cada pesquisa feita ao respeito. De acordo com a empresa especializada em serviços financeiros omelhortrato.com, mais de 80% dos latino-americanos escolhem pagar com dinheiro vivo pelos seus consumos diários. Também indica que a preferência por esta forma para fazer operações está relacionado com:

  • Os custos das contas bancárias: cobram por saques e transações, por consultas e para pegar um extrato;
  • A desconfiança generalizada dos cidadãos no sistema bancário;
  • Os hábitos culturais profundamente enraizados;
  • As limitações para o acesso aos serviços bancários;
  • A falta de educação financeira e digital

A nível mundial a tendência é a mesma: as pessoas nas economias avançadas consideram o dinheiro vivo como seu método de pagamento favorito.

A nível nacional, no Brasil, onde vivem mais de 200 milhões de pessoas, o dinheiro vivo continua sendo o principal meio para fazer pagos: 7 de cada 10 brasileiros usam as notas e moedas para cobrir seus gastos diários. O Banco Central informa que para compras de até R$ 10, 87,9% preferem utilizar dinheiro vivo e para desembolsos de mais de R$ 500, a preferência diminui para 57,4%, deixando uma margem maior para o uso de meios eletrônicos de pagamento.

dinheiro vivo

É assim que até alguns meses atrás o dinheiro vivo se negava a desaparecer.

Cenário Atual│Algumas medidas tomadas por diferentes países

Sendo o isolamento social a única forma que, até agora, evita a propagação do vírus, as instituições bancárias estão tomando medidas para fortalecer seus serviços on-line, promovendo o uso de canais digitais para realizar operações financeiras. (Anexo I)

Somado às medidas para facilitar o acesso ao dinheiro eletrônico e apesar de que o dinheiro vivo não esteja sendo considerado oficialmente como forma de contágio; alguns países decidiram desinfetar suas notas e moedas para conter o Coronavírus e isso desestimulou o uso do dinheiro vivo. (Anexo II)

Cada vez, com maior regularidade, se está falando sobre o fim do dinheiro vivo; porém a realidade nos mostrava uma mudança pouco imediata. Por fim, o vírus poderia ser o gatilho para o maior uso de cartões de crédito e débito a longo prazo: seja pelas medidas bancárias tomadas, porque os comerciantes só aceitariam pagos digitais devido ao isolamento social ou porque os governos incentivem esta metodologia de pago para evitar o contágio do Coronavírus por meio do dinheiro. Esta inesperada quarentena pode estimular o acesso ao mundo dos pagamentos on-line e ao e-commerce.

Fonte: O Melhor Trato

dinheiro vivo

Content Editor: Mel Murialdo

O fato de não poder nos relacionar da mesma forma que antes acelerá a toma de decisões financeiras individuais, de governos e de instituições que visam a diminuir o uso do dinheiro vivo. Embora seja difícil mudar hábitos, aguardar que se estabeleçam socialmente e ajustar todo o sistema às novas modalidades no meio de uma quarentena, observa-se que se as autoridades agem no sentido de desestimular o uso do dinheiro vivo e incentivam as operações digitais que podem trocar para sempre as operações cotidianas de consumo

Anexo I: Algumas medidas bancárias tomadas na América Latina

O presidente do Grupo Bancolombia, na Colômbia e o gerente do Banco de Crédito (BCP) no Peru promovem, respectivamente, canais digitais seguros para as transações e que evitam a presença de muitos clientes nas agências. 

No Brasil, devido às restrições de atendimento nas agências bancárias e por telefone, o Banco Central divulgou comunicados sugerindo a utilização de meios eletrônicos para a realização de operações: Mensagens diretas (chat), Transferências eletrônicas, Internet Banking, Aplicativos e Serviços Digitais. Também recomenda o uso de meios eletrônicos para fazer pagamentos em geral sempre que for possível para evitar o contato com notas e moedas.

No México, o Secretário do Tesouro e Crédito Público, Arturo Herrera Gutiérrez anunciou no âmbito da Convenção Bancária que estão sendo tomadas medidas de mitigação que incluem, entre outras, a ativação de linhas de crédito.

Na Argentina, o Banco Central da República Argentina (BCRA), ordenou que as instituições bancárias e financeiras limitem as atividades dentro das agências, elas só poderão pagar aposentadorias e programas sociais; que aumentassem o limite para saques e forneceram bônus e possibilidades de crédito para seus clientes. Os caixas eletrônicos estarão abertos às 24 horas para fazer saques com cartão de débito e as instituições do sistema financeiro aumentaram as medidas de higiene nas agências e nos caixas eletrônicos, além de recomendar o uso de meios de pagamento eletrônicos.

Anexo II: Países que não aceitam mais dinheiro e outros que decidiram “lavar” seu dinheiro

Em várias regiões da Espanha não se recebe mais dinheiro vivo para pagar as passagens de ônibus ou metrô, somente é possível pagar com cartões de crédito, débito ou com o cartão da empresa de transporte, de acordo com a região.

Nos Estados Unidos, o medo de contágio através do dinheiro vivo começou a crescer. O papel dos dólares americanos são feitos com 75% de algodão e 25% de linho, o que permite que os germes permaneçam nesse tipo de superfície por mais tempo, em comparação com outras mais duras e suaves. Por esse motivo, um grande número de lojas se recusam a aceitar dinheiro vivo, aceitam apenas cartões de crédito, débito e cartões pré-pagos.

Na China, o Banco Central ordenou que todos os bancos realizassem um processo profundo de limpeza e desinfecção do dinheiro vivo para tentar conter a propagação do vírus por este meio.

O Banco Nacional da Hungria (MNB) anunciou que colocará em “quarentena” as notas de Florim húngaro e outras moedas que estão em trânsito no país para desinfetá-las. O processo consiste em que as notas sejam embaladas em películas retráteis e armazenadas em um recipiente por duas semanas depois serão submetidas a um breve tratamento térmico entre 160 e 170 graus Celsius.

Sabe-se que qualquer objeto que foi tocado pode conter bactérias ou vírus procedentes do corpo de seus anteriores proprietários; por isso, como boa prática de higiene, devemos lavar nossas mãos depois de tocar as notas, e evitar passar a mão nos olhos, nariz e na boca. Outras formas de pagamento também podem ser portadoras do vírus, por isso é conveniente desinfetá-las: cartões de crédito e de débito são de plástico e metal, os caixas eletrônicos são usados por centenas de mãos dia a dia e os smartphones estão muito contaminados com bactérias

Fonte:Jornal Contábil .

O varejo tradicional está mesmo ameaçado?

O impacto generalizado do digital é uma realidade diária, mas poucos casos são tão evidentes para o consumidor quanto a disrupção do varejo.

Entretanto, loja online e loja física não precisam ser uma escolha binária, pois o crescimento das tecnologias representa uma oportunidade para os varejistas tradicionais recuperarem sua posição no mercado e criarem uma experiência de usuário que conecte todos os pontos de contato.

As perspectivas para o varejo físico não parecem nada boas, se observarmos o aumento no número de estabelecimentos vazios em locais antes movimentados pelo comércio. Os lojistas estão sob intensa pressão conforme as pessoas vão optando pelas compras online. Para se ter uma ideia, de acordo com a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), o e-commerce cresceu 15% no Brasil em 2018, enquanto o varejo tradicional cresceu apenas 2,3%. Além disso, o e-commerce tem uma vantagem significativa em relação ao modelo tradicional porque tem custos operacionais mais baixos, mais opções de escolha e modelos de entrega mais alinhados com o estilo de vida moderno.

Uma vez que o consumidor tenha comprado na loja online, as sementes foram semeadas para que ele repita a ação. O varejista tem o endereço de e-mail do indivíduo para realizar campanhas de e-mail marketing, além de dados úteis sobre as preferências de compra dessa pessoa. Mesmo quando a aquisição não é concluída, a navegação e os carrinhos de compra abandonados podem fornecer o combustível para renovar o interesse.

As vantagens digitais do varejo físico Assumir que o varejo físico está condenado pode ser precipitado, à medida que as empresas do segmento têm transformado sua vulnerabilidade em vantagem. Ao colocar ênfase em seus “imóveis digitais”, os varejistas são capazes de combinar o melhor do mundo físico e virtual para criar uma oferta diferenciada para os clientes.

A presença física abre oportunidade para o relacionamento direto e pessoal, além disso, o valor da marca que existe em uma loja de rua ainda é um forte diferenciador em relação a e-commerces menos conhecidos. A combinação do físico e do digital permite que os varejistas personalizem a aparência de suas lojas online, otimizem a experiência do cliente com base em seu comportamento, mantenham e aprimorem os relacionamentos por meio de notificações por email ou aplicativo e criem eventos e ofertas atraentes para atrair consumidores para suas lojas.

Mas como os varejistas tradicionais podem manter sua vantagem na era digital?

Faça da publicidade a sua vantagem Os canais podem ter evoluído, mas os princípios permanecem os mesmos. Publicidade funciona. Não é a toa que a Amazon gasta US $ 8,2 bilhões em marketing por ano. Estima-se que em 2022, cerca de 80% de todos os gastos com marketing serão digitais. A mudança da mídia tradicional para a digital oferece aos varejistas a oportunidade de serem mais inteligentes com seus gastos, usando uma abordagem programática orientada por performance para otimizar seus anúncios para resultados específicos e mensuração correta.

Usando essas ferramentas, os varejistas podem direcionar os consumidores para ofertas especiais tanto em suas plataformas online quanto para as lojas físicas. Por exemplo, uma marca de varejo pode exibir uma campanha programática em display, usando dados online e off-line para segmentar banners publicitários e alcançar pessoas próximas ao estabelecimento, onde poderão oferecer resgate de cupons a fim de incentivar os consumidores no local.

Pense omnichannel  Pontos de contato com o cliente não atuam isoladamente. Assim como um consumidor que se envolve com as redes sociais de um varejista também pode ser receptivo à comunicação por e-mail, alguém que faz compras em um site também pode gostar de visitar lojas físicas. O varejo omnichannel não é apenas sobre cobrir todos os pontos de contato com o cliente – seja em lojas físicas, e-commerce, aplicativos e mídias sociais -, mas entender a relação entre os pontos e orquestrá-los de forma que trabalhem juntos para produzir uma experiência melhor para o usuário.

De acordo com o estudo The Shopper Story, da Criteo, 79% dos consumidores brasileiros são omnishoppers e utilizam uma variedade de dispositivos, canais e plataformas para navegar e comprar.  O relatório revela ainda que, quando comparados a compradores que ainda não adotam um comportamento multicanal, os omnishoppers gastam em média 7% a mais no ambiente online e 44% a mais no varejo tradicional.

A estratégia omnichannel de um varejista deve, portanto, abranger todos os pontos de contato e buscar alavancar os elementos complementares de diferentes canais para otimizar a experiência do cliente. Na prática, isso pode assumir a forma de uma marca que permite que um comprador em seu site interaja em tempo real com um vendedor da loja para fazer perguntas e buscar orientação, ou usa a tecnologia para oferecer descontos na loja por meio de smartphones.

Misture os mundos online e off-line Os seres humanos são seres sociais e nossos comportamentos tendem a se mover em ciclos. Um ciclo em direção a uma maior imersão digital é comumente seguido por um movimento de reação em direção a uma interação social maior. As tendências perceptíveis de “desintoxicação digital”, a exclusão de aplicativos de mídia social e até mesmo a reversão para tecnologias analógicas, como o vinil, são exemplos relevantes disso. Os varejistas tradicionais podem usar essa reação em proveito próprio, usando o digital como um meio de melhorar a experiência da vida real e não como um fim em si mesmo. Para capturar esse sentimento, os varejistas devem procurar usar sua experiência digital para atrair clientes para uma visita à loja física, oferecendo eventos e interações únicas.

Ofereça a melhor experiência O poder e a difusão do digital são indiscutíveis, mas o físico ainda tem muito a oferecer. Os consumidores desfrutam do elemento social das compras em loja. As vantagens de lidar com pessoas reais ainda precisam ser replicadas no mundo online. Ao investir em sua presença na web e buscar unir as experiências online e off-line, os varejistas podem obter uma vantagem diferenciada sobre as empresas somente digitais. A experiência precisa ser fácil, conectada e voltada para as preferências do consumidor, produzindo interações mais ricas do que as que podem ser alcançadas apenas no universo online.

Podemos viver em um mundo digital, mas o toque pessoal ainda é importante.

Artigo escrito por Tiago Cardoso, Diretor Regional de Estratégias de Contas LATAM, Criteo

Fonte: Contabilidade na TV.